domingo, 17 de abril de 2011

Episódio 4

Crônicas de uma cidade futura

Episódio 4 O Drama Termina Parti 2 e Final

         Marcos anda a esmo pela cidade, entre ruelas e becos, não queria ficar em lugares movimentados. Novamente havia perdido a pista dos Merichelle. Como os irmãos Geraldinni chegaram  no hotel, será que seu informante estava fazendo jogo duplo? Talvez o poder das famílias seja muito grande, talvez essa briga seja maior do que ele pensava, não são apenas, crianças, matando crianças inimigas, é coisa de gente grande e Marcos era só um pião.
         A chuva fina começava a cair.

***

         Bruno Merichelle, havia recebido um telefonema estranho, alguém o avisando para sair da cidade o mais rápido possível, avisando que ele e Pablo corriam grande perigo e deviam seguir para o norte, voltar ao ponto de partida, para recomeçar.
         Nada disto fazia muito sentido, ponto de partida, recomeço, ele estava recomeçando, ao lado de seu neto e dentro em breve a cidade onde habitava seria sua. Muito difícil era entender como o telefonema fora dado, pois ninguém conhecia aquele número, a não ser que, alguém do conselho o estivesse ajudando, mas quem e por que? Bruno não tinha sequer a idéia se a voz era masculina ou feminina.

***

         -Não vai resolver nada perambulando por aí como um derrotado.
Marcos é surpreendido pela esquisita figura olhando para ele, calça boca de sino, camiseta e uma jaqueta jeans toda manchada.
         -Foi você quem me entregou, não foi? Marcos fala segurando a raiva que já enrijece seus músculos.
         -Nada a ver cara, to tentando te ajudar.
         Um soco é desferido por Marcos, mas só atingi o ar.
         -Eu sei onde os Merichelle estão e posso levá-lo. Outro golpe de Marcos e Julio só desvia. -Tô falando meu irmão, paz e amor bicho. Te levo até eles.
         -Você me entregou aos irmãos Geraldinni. Porque deveria confiar no que diz?
         -Por que tem gente muito grande que precisa de você vivo e trabalhando, se os irmãos Geraldinni fizerem o seu trabalho, as famílias entraram em guerra, Geraldinni, Giovanni e todos os outros gângsters do nosso mudo e do mundo mortal.
         -Quem quer que eu termine o serviço, o conselho da minha cidade? Os irmãos Geraldinni fazem parte do conselho.
         -Eles são só uma parte, do conselho.
         -Tenho certeza que Cleto concorda com eles e Antonio não mexeria uma palha para me ajudar.
         -Vu alá, meu caro, quem sobrou, te ajuda. Agora vamos, não podemos perder mais tempo, siga-me.

***

         Pé na porta e soco na cara, era assim que os Geraldinni resolveriam esta questão. Tempo de mais foi perdido, primeiro uma fuga e quase perderam Bruno Merichelle, depois um contato, se não fosse agora, o contato maior seria feito e Bruno saberia quem era seu mestre. Este fora sempre seu ponto fraco, o que o desnorteava e o  tornava um alvo mais fácil, a ignorância, neste caso, não era uma bênção. 
         O lugar era bem construído, um beco apertado, apenas uma entrada e uma saída, uma porta de ferro muito bem trancada.
         -Pronto, nada que uma pequena porção de explosivos não de jeito. Diz um dos irmãos fazendo a curva da esquina enquanto uma luz amarela e um barulho muito alto ecoa no beco atrás dele.
         Os irmãos Geraldinni correm para a porta assim que o fogo se dispersa e adentram ao recinto, uma sala muito luxuosa, decorada com móveis antiguíssimos, de madeira maciça e veludo vinho, tapeçarias pelas paredes e três portas. Uma das portas é aberta com um ponta pé e o que se apresenta é um quarto suntuosamente decorado, com cama e penteadeira estilo Luiz XV, mas vazio. Outra porta é arrebentada, um como vazio. Outra porta uma cozinha.
         -Não podemos ter perdido os dois.
         -De forma alguma, vamos vasculhar melhor o lugar, devem estar em suas criptas, ou caixões.
         Depois de vasculhar cada centímetro do lugar nada haviam encontrado que pudesse esconder um vampiro ou dois. No quarto, malas de viagem, coisas de camping, como barraca, lampião, sacos de dormir entre outras quinquilharias de mortais. Na cozinha nada. No quarto vazio um alçapão.
         -Preparado? Não tem como não estarem aí.
         -Certo, entremos.

***

         A chuva apagara o fogo por completo, mas os restos da explosão ainda estavam lá.
         -Eles já chegaram, vai dar merda, eu não posso com os irmãos Geraldinni. Mas que si dane, estarei morto de qualquer jeito. Fala Marcos preparando suas armas.
         -Vou lhe ajudar, não se preocupe, estamos no mesmo barco agora.
         Ao entrarem se deparam com uma cena inimaginável, Bruno Merichelle e seu neto estavam sentados em duas poltronas, com se nada estivesse acontecendo.
          -Olá, meus caros amigos, este é Pablo Merichelle, o mais novo membro de nossa família.
         -Cadê os irmãos Geraldinni? Fala Marcos apontando armas para todas as direções, como se esperasse um ataque surpresa, a qualquer momento.
         O toque do telefone deixa todos tensos. Bruno Merichelle atende.
         -Sim. Marcos é pra você.
         Marcos pega o telefone receoso.
         -Não completei o trabalho ainda, ...o que? Tudo bem mas, ...ok, senhora cumpro suas ordens. Marcos desliga o telefone. –Ok, vocês estão liberados, mas cadê os irmãos Geraldinni e como vocês estão vivos?
         -Estão no alçapão, naquele quarto. Quanto a sobreviver, tenho um modo peculiar de proteger meu sono. Vamos Pablo, vamos embora.
         -Nada como acampar ao luar, vovô.

***

         Nada como acampar ao luar, mais uma vez os sacos de dormir, reforçados haviam salvado sua vida, nada como ser imaginativo. Ainda assim essa passou perto, se não fosse os telefonemas e contatos de Catarina e de seu mestre eles não escapariam.
Agora Bruno sabia quem era seu mestre e tudo ficaria bem mais fácil. Seria instruído e instruiria seu neto, o jogo estava mudando.
-Vamos meu neto, o caminho é longo, a cidade maravilhosa nos espera, capche?

Fim

Escrito por:Bruno dos Santos

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